sexta-feira, 27 de julho de 2012

Trabalhando Perdas: "Toda perda traz um ganho"

  Vivemos de perder, abandonar e de desistir. E mais cedo ou mais tarde, com maior ou menor sofrimento, todos nós compreendemos que a perda é, sem dúvida, “uma condição permanente da vida humana”.



As palavras de Elizabete Salgado muito me ajudaram na época em que perdi o grande amor de minha vida, meu marido Lúcio Gusman em 17 de junho de 2002. Tais palavras fizeram-me situar no tempo e compreender a situação real na qual eu estava vivendo. Aceitar o sofrimento através das fases da perda. Hoje após 10 anos sem ele, sinto a realidade, porém de uma forma bem tranquila.

 Confira o que aprendi com a autora:



        A vivência de  perdas é mais do que a vivência de uma dor, enquanto estado, é a vivência de um processo emocional de luto.

        É processo porque passamos por três fases de mudança, durante a elaboração de nosso sofrimento: 
  1. A primeira fase é a do choque, da apatia e de uma sensação de descrença, quando tentamos negar  que o que aconteceu  seja verdade, seja real. É quando pensamos que “Isto não pode estar acontecendo!” ou “Não, não é possível!”  
         É a fase das lamentações. Podemos chorar ou ficar sentados em silêncio, podemos nos alternar em períodos de dor e de atônita incompreensão. Essa fase costuma ser mais curta que as demais, pois corresponde, como foi dito, a um impacto inicial perante a perda.

       2.   A segunda fase é mais longa e de intenso sofrimento psíquico. Aqui se toma realmente consciência da perda e da dor aguda.  

         Choramos e nos lamentamos. Há uma sensação de vazio. Temos mudanças bruscas de temperamento e nos queixamos de desconfortos físicos, como distúrbios de alimentação e de sono, às vezes alguns distúrbios psicossomáticos associados à dor física, perda de interesse pelas companhias ou atividades costumeiras, perda da qualidade nas atividades profissionais, perda do prazer de viver...

         Passamos por momentos que se alternam entre extremo desânimo e outros de atividade exagerada, momentos de uma regressão a um estágio mais carente, onde nosso coração e nosso corpo parecem expressar um só pedido: “Ajude-me !“ “Como irei viver agora?” 

          É a fase da ansiedade pela perda e separação. É a fase do desespero e também da raiva, do desamparo, do abandono, do medo, da impotência (tal qual a criança sente ao ver que a mãe foi embora), da culpa (irracional ou justificada) e da idealização (em caso de morte).  Mas, nada é para sempre...E, como nada é eterno, também um dia, chegará a fase final.

       3.   A fase “final” do luto só acontece depois que tenhamos  passado pelo terror, pelas lágrimas, pela raiva e culpa, pela ansiedade e o desespero da etapa anterior. Só acontece, depois que consigamos passar pelos confrontos com as perdas inaceitáveis.

        Algumas vezes, poderemos ainda chorar e sentir a falta, mas estamos iniciando uma fase de recuperação, onde se dá a elaboração do luto e do trauma da perda, através de sua aceitação e adaptação à nova realidade.

          Recuperamos a estabilidade, a energia, a esperança e a capacidade para ter prazer e investir na vida, restabelecendo um estado de saúde.

           Passamos a aceitar a realidade como algo imutável, sabendo que nada será como antes. Nesse momento, é  então possível perceber que a perda sofrida nos trouxe um ganho, algo que aprendemos, algo que conquistamos e que nos fortalece de algum modo.

          Aquilo que, antes, a dor não nos permitia perceber, agora, pela aceitação da realidade e do que não temos mais, torna-se verdade:

     Toda perda traz um ganho. Perdas e ganhos são faces companheiras da mesma moeda da vida.

                                                  Elisabeth Salgado

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